Literatura, educação e empatia
DOI:
https://doi.org/10.7346/aspei-012022-07Palabras clave:
literatura, emoção e raciocínio, relações intra e interpessoais, atuação social e cidadania ativa, contexto educativoResumen
Sendo a literatura uma produção artística que tem como fim a aliança entre beleza e reflexão, estética e ética, fruição e atuação, permite um processo continuo de aprendizagem, já que implica o estimulo ao uso da emoção e do raciocínio, o preenchimento de lacunas de formação e a compreensão do “eu” e dos outros. Tendo em consideração a riqueza polissémica e simbólica, a abertura para outros espaços, fantásticos ou reais, e diferentes mundos, vai muito além de juntar letras ou compor frases, já que transporta o leitor para outro universo, convidando-o a fazer parte da vida do “outro” através das personagens e da experiência das suas vivencias. A exploração da literatura trabalha, de facto, diversas competências, não só as geralmente mais exploradas, como as linguísticas e estéticas, mas também aquelas ligadas às relações intra e interpessoais, a promoção da atuação social e cidadania ativa, o espírito empreendedor, compreensão cultural e o desenvolvimento da empatia. Os estudos indicam que a literatura em contexto educativo, formal e informal, tem um papel importante na abordagem das questões da diferença, da identidade e da possibilidade de “colocar-se na pele” do próximo. Ha, assim, que analisar a relação literatura-educacao-empatia – recorrendo não só aos autores da teoria e filosofia da literatura, como T. Todorov ou R. Mitchell, mas também aos das neurociências e das ciências cognitivas K. Oatley, M. Fisher, E. Kidd, M. M. Hammond ou S. Keen –, ao nível, por um lado, da existência de uma identificação empática do leitor com o “eu-nos” do texto, mas também da possibilidade da transformação do “outro” em um “tu” com o qual se dialoga.